9 de dezembro de 2017

SINATRA-O CHEFÃO (II)

Este é o título do segundo volume da última biografia do cantor Frank Sinatra. Escrita pelo jornalista americano James Kaplan e com 1.211 páginas trata-se de uma obra prima em matéria de biografias. Lançada no Brasil pela Editora Cia das Letras em 2015 é leitura obrigatória para quem deseja entender com profundidade o que foi os Estados Unidos no Século XX. Não que o autor se arvore em sociólogo. Mas explica e prova com fatos e versões como Sinatra foi o mais significativo filho das contradições americanas do século passado. O livro mostra que ele passou por todas. Venceu todas. Mostra também como ele se tornou o maior ícone americano até nossos dias. Como diz na orelha do livro “ quando James Kaplan publicou FRANK: A VOZ, o primeiro volume de seu ambicioso projeto sobre um dos personagens centrais da cultura popular do século XX, só admiradores do artista norte-americano sabiam que estavam diante de um empreendimento majestoso”.
A história da ascensão de Frank Sinatra (1915-1998) no primeiro volume apresenta uma série de outros enredos: o nascimento da cultura de massas, a vida boemia nos cassinos e nigthclubs, o apogeu e o lento declínio do rádio, a explosão da TV e o culto à celebridade.  Nesse volume segundo Kaplan se dedica ao mito em pleno processo de entronização em “ chefão” tendo como ponto de partido sua ressureição após o Oscar ganho por seu desempenho no filme A Um Passo da Eternidade. “ Uma vida movimentada como poucas no showbiz de qualquer época: gravações de inúmeros álbuns e singles, quatro ou cinco filmes por ano, shows na TV, a fundação da própria gravadora e negócios dos mais diversificados. Surge um Sinatra cada vez implacável em suas decisões e insaciável em seus muitos apetites “ lembra o autor.
Frank Sinatra nasceu com tudo para dar errado na vida. Mesmo depois que deu certo e venceu, sua carga pesada de origem pobre e humilhante se refletiria em sua carreira e o deixaria arruinado ao final dos 40 anos de vida. Obstinado e dotado de um senso agudo para sua vida profissional consegue reerguer-se dar a volta por cima e se tornar o maior mito do showbiz mundial. Juntou num único caldeirão todo o seu talento de cantor, ator, improvisador e com muita sagacidade soube captar em que medida, onde e quando poderia usar seu talento para embevecer o publico. Aprendeu apanhando. Ao perder tudo lhe restou a voz, a possibilidade de fazer de novo e corrigir sua imensidão de erros. E assim foi.

Toda essa trajetória está muita clara e muito bem descrita no final do primeiro volume da obra de Kaplan e no começo no segundo volume. Na página 596 ficamos tendo a real importância de sua influencia. O Secretario de Imprensa da Casa Branca, Pierre Salinger ligou para ele em Palms |Springs, na Califórnia, e lhe deu em primeira mão o anuncio do bloqueio a Cuba. Um gesto que impressiona para quem havia se afastado do governo Kennedy. E é digna de atenção e nota toda a parte do livro em que o autor narra o assassinato do Presidente Kenedy. Nada indica que Sinatra esteve envolvido com o assassinato em si. Mas quanto às manobras e razões que levam ao desfecho da carreira do jovem presidente americano a narração é límpida, os fatos incontestáveis e a conclusão lógica pela leitura é digna de uma astúcia de literatura ficcionista. Os fatos estão expostos com uma propriedade assustadora. Mas Sinatra se sai bem do episódio. Quem leu ou viveu o período encontrará a resposta para aquilo que a polícia americana, por décadas, não forneceu. No livro não resta nenhuma dúvida que foi a máfia a autora do assassinato. Toda a trama está descrita em minúcias. Sua incursão pela política, primeiro foi para eleger políticos do Partido Democrata, inclusive o Presidente Kenedy. Mais tarde mudou de lado e abraçou a causa republicana ajudando a eleger seus políticos inclusive o Presidente Ronald Reagan. Se meteu com a máfia não por interesses políticos mas para colocar o pé no milionário negócio dos cassinos. Mas isso é outra história.

Ao final da leitura desse segundo volume fica-se com a convicção que o talento do Sinatra foi muito além de cantar. Triunfou nos negócios, na política, criando e moldando seu próprio nome que nunca foi FRANCIS ALBERT SINATRA. Mas morreu como tal. Ao longo da vida foi escolhendo o que mais lhe convinha para seu êxito. A partir do soerguimento de sua carreira passou a escolher seu próprio repertório, ditar como queria os arranjos musicais e quem seriam os arranjadores. Ouvia os clássicos de Bellini, Debussy, Donizeth e muitos outros de onde extraia inspirações para acrescentar nos arranjos. Criou suas empresas para distribuir seus produtos e depois vendeu-as faturando milhões de dólares.
Trata- de uma vida tão rica que merecerá mais um artigo.

Um comentário:

  1. POR FAVOR NÃO PUBLIQUE

    Caro Hildeberto Aleluia,tenho lido seu blog.E gostado do conteúdo;suas considerações sobre as favelas(e o romantismo babaca sobre as mesmas,de autoria de quem quase nunca as conhece de perto)confirma o observador social agudo, retratado pelo mMrio Sergio Conti no "Notícias do Planalto". A passagem do livro na qual o sr.diz ao PC sobre o abismo que o separava do sonho de adquirir o JB merece um capítulo memorialístico da parte do sr.Algumas passagens memorialísticas nas quais o sr narra a campanha a prefeito de um Medina mostra que este é um filão que tem muito a oferecer.

    Perdoe se ofereço conselhos a quem não conheço.Mas,..escreva mais textos nesta chave,peço.

    Mais uma vez,parabéns pelos textos sobre a biografia do Sinatra.

    Abraço do Fernando Pawwlow

    PS.apareça um dia no meu blog

    https://fernandopawwlow.wordpress.com/

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